O lançamento de sites de compras coletivas, redes sociais, de leilão de centavos e de relacionamentos indicam uma provável nova “bolha” da Internet. Um dos fatores que permitem este movimento é o cloud computing: “é possível expandir a capacidade de processamento sem ter que adquirir novos equipamentos, pagando somente pelo uso”, analisa Eduardo Neger, presidente da Abranet, Associação Brasileira de Internet. O profissional tem percebido cada vez mais incentivo e viabilização do empreendedorismo nas faculdades, com incubadoras, empresas entrando nas universidades e agências de inovação acadêmicas. Neger aponta o apoio de órgãos públicos como a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) como outra razão do surgimento de tantos novos serviços online.
O presidente do conselho do Provar/Ibevar (Programa de Administração de Varejo/ Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo), Claudio Felisoni, “a Internet mudou a forma como as pessoas compram, vendem, se relacionam e até casam. Com ela surgiram rapidamente novas possibilidades de negócios, assim como na década de 70 tinha um boliche em cada esquina em São Paulo. Os sites de compras coletivas, que proliferam, vieram para ficar, já que reúnem vantagens para os compradores e vendedores, mas devem se aglutinar. Acredito que o mercado de compras coletivas se mantenha aquecido por mais um ano e meio, redes sociais e relacionamentos, uns três anos”.
Após estas previsões devem acontecer fusões e aquisições. O presidente da Abranet não vê espaço para mais que dez sites de compras coletivas e analisa a Internet como meio mais propício para startup, devido ao menor risco e ser mais em conta iniciar um empreendimento. Os dois acreditam que as taxas de mortalidade das empresas .com sejam similares às das empresas fora da web: “90% das que abrem são fechadas no mesmo ano fora da Internet e na web não deve ser diferente”, analisa Felisoni. “E graças à agilidade que a Internet deu à mídia, as inovações são pulverizadas muito rapidamente – há diferença de dias ou horas para as invenções circularem: veja que entre a eletricidade ser descoberta e se consolidar foram cinqüenta anos”.
Neger avalia que aplicações sob demanda de vídeo deverão responder por 80% do tráfego: “uma pesquisa lá fora demonstrou que os mais jovens já não assinavam TV, revista, jornal... Em pouco tempo não fará sentido esperarmos pelo dia e horário do nosso programa favorito no sofá”. Felisoni também percebe os jornais e revistas repensando suas operações para captar anunciantes: “hoje é essencial nos posicionarmos no Google. Sem estar nele, não somos ninguém”.
Para Neger, que já apoiou alguns planos de negócios, se sustentar somente com banners ou propagandas do gênero é uma ilusão. “Um caminho pode ser introduzir uma grande ideia numa grande audiência. Reproduzir o que já existe é o princípio do fracasso. Os planos que empreendedores apresentam ao que chamamos de ‘angel investor’ não podem conter somente uma boa proposta e sim detalhes de custos, mercado, receita, público...” Claudio aponta outras alternativas: “ir de encontro à necessidade de um nicho, ter um insight antecipado percebendo a realidade econômica ou identificar o que pode fazer nascer novos empreendimentos”.
No momento em que esta matéria era editada foi anunciada nova gestação na Internet: mais um site de leilão de um centavo - o SabeClicar - que se propõe a separar as categorias de produtos em "salas" exclusivas, aumentar em mais de 60% as chances de arremate, possibilitar economia de 90%, devolver os lances dos que não conseguiram comprar, premiar os segundo e terceiro colocados, ofertar quatro produtos de uma vez e sortear carros mensalmente. Seu nascimento será 20 de julho. E haja lugar neste berçário de .com! |