Imprensa

Entidade: Abranet - Associação Brasileira de Internet 
Fonte: Eduardo Neger - Presidente da Abranet
Fone: (11) 3078-3866
Contato: Roseli Vazquez, Gerente Executiva gerente@abranet.org.br
 
Entre em contato com a assessoria de imprensa da Abranet:
 
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Abranet comemora 15 anos de contribuição à evolução da Internet brasileira

postado em 6 de nov. de 2011, 19:58 por Eduardo Neger   [ atualizado em 7 de nov. de 2011, 18:40 por Abranet ]


A Associação Brasileira de Internet (Abranet) completa 15 anos de existência hoje, 7 de novembro de 2011.

A história da Abranet confunde-se com a história da Internet no Brasil. Fundada em 7 de novembro de 1996, a entidade sem fins lucrativos tem como objetivo principal o apoio ao esforço brasileiro na implementação de empresas provedoras de acesso, serviços e informações, buscando o desenvolvimento da Internet no país.

Inicialmente designada como Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet, a entidade atualizou seu estatuto em 8 de maio de 2009, passando a se chamar Associação Brasileira de Internet, abrangendo de forma mais ampla toda a cadeia econômica da Internet no Brasil.

A Abranet tem como principais objetivos sociais o apoio às empresas brasileiras provedoras de acesso, serviços, informações, pesquisa, desenvolvimento e demais atividades profissionais relacionadas com Internet e Tecnologia da Informação, incluindo acadêmicos que atuam como pesquisadores nas áreas de Internet e Tecnologia da Informação no país.
 

Nota de Falecimento

postado em 24 de out. de 2011, 20:02 por Eduardo Neger   [ atualizado em 25 de out. de 2011, 07:43 por Abranet ]

 
A Associação Brasileira de Internet (Abranet) informa com grande pesar o falecimento de seu Diretor de Relações com Instituições Nacionais e Internacionais,  Luiz Bonilha,  no último domingo, 23 de outubro. O velório aconteceu nesta segunda-feira, 24 de outubro, às 17:30 h no Cemitério do Araçá em São Paulo. A cerimônia de cremação será nesta terça-feira, 25 de outubro, às 9:30 h no Cemitério da Vila Alpina em São Paulo.
 
Além da relevante contribuição à Abranet, Luiz Bonilha será lembrado pela sua sabedoria, gentileza e educação, atributos compartilhados por todos que tiveram a oportunidade de conviver com ele.
 

A internet brasileira em risco

postado em 29 de set. de 2011, 18:49 por Abranet

 Folha de S. Paulo - SP - HOME - 26/09/2011


TENDÊNCIAS/DEBATES - EDUARDO PARAJO

Difícil acreditar que concentrar em algumas teles o serviço de acesso prestado por 6.000 provedores seja uma mudança positiva

 
Está ocorrendo uma guerra silenciosa na internet brasileira. De um lado, mais de 6.000 provedores de acesso, serviços e conteúdo de internet -em sua maioria pequenas e médias empresas estabelecidas em mais de 4.000 municípios. Do outro, as poderosas concessionárias operadoras de telefonia, as teles, responsáveis por 80% do mercado de infraestrutura.


Os provedores defendem a manutenção do modelo atual, regido pela norma 4 de 1995, que prevê a separação entre telecomunicações e provimento de acesso/conteúdo. Esse modelo estipula que a tele pode vender acesso à internet, desde que por meio de empresa autônoma. A intenção original da norma foi permitir que provedores que não fazem parte dos poderosos grupos das teles pudessem demandar isonomia no uso da infraestrutura das teles.


Por que as teles não querem continuar a prestar serviços por meio desse modelo transparente? A resposta: porque pretendem eliminar de vez a concorrência.


Há anos as teles vêm pressionando o governo e a Anatel para que seja revogada a norma 4. Além da telefonia e da TV a cabo -serviço que vão explorar com a sanção do PLC 116-, elas querem trazer para a rubrica das telecomunicações os serviços de valor adicionado (como são classificados os serviços dos provedores).


Que fique claro: o consumidor sempre pagou e vai continuar pagando pelo provimento de acesso. Tecnicamente, não existe internet sem provedor. Esse foi um jargão inventado pelas teles para enganar os consumidores e abocanhar sozinhas mais essa parcela do mercado.


Difícil acreditar que concentrar em algumas poucas grandes companhias (por sinal, líderes em reclamações nos Procons) um serviço hoje prestado por 6.000 empresas seja uma mudança positiva para o país.


Há discussões mais importantes a fazer: a melhoria das redes, o compartilhamento e a neutralidade no uso das redes, para garantir a não discriminação do conteúdo trafegado na internet. Esses tópicos é que são responsabilidade das teles e da Anatel.


O governo e a opinião pública são algumas vezes influenciados pelo discurso fácil e demagógico das teles, segundo o qual os serviços dos provedores seriam restritos à autenticação dos usuários, o que as teles fariam "de graça". Na verdade, os provedores fazem um trabalho de verdadeira inclusão, oferecendo, à parte o serviço de autenticação, segurança, e-mails, hospedagem de sites, resolução de nomes "dns" e atendimento ao internauta -além de uma enorme variedade de conteúdos.


Com o modelo vigente, o Brasil já tem mais de 81 milhões de internautas, sendo metade das classes C/D e E. O mercado de provedores é responsável por mais de 150 mil empregos, que deixarão de existir com essa etapa final da concentração.


O Brasil, hoje referência na produção de conteúdo em português na rede, corre o risco de simplesmente transferir para as teles -a maioria, de capital estrangeiro- a internet e o conteúdo de qualidade, já que os provedores que conhecemos não terão mais como viabilizar suas atividades.



EDUARDO PARAJO é presidente do conselho consultivo da Associação Brasileira de Internet (Abranet) 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

70 millones de usuarios de Internet en Brasil

postado em 18 de set. de 2011, 18:39 por Abranet   [ 18 de set. de 2011, 18:43 atualizado‎(s)‎ ]


Telesemana, 14/09/2011

Antonio Eduardo Neger, presidente del consejo director exceptivo de Abranet, comenta que Internet está creciendo a gran velocidad en Brasil donde ya hay 70 millones de usuarios con acceso consistente. La demanda por...


internet não é telecom

postado em 2 de set. de 2011, 11:00 por Abranet   [ 2 de set. de 2011, 11:07 atualizado‎(s)‎ ]


por Silvio Meira
sexta-feira, 2 de setembro de 2011

desde o princípio da internet.BR, uma definição essencial serviu de base para tudo o que rolou até agora, e ela está justamente no título deste texto.

a história das razões para se chegar nesta definição tão simples é longa, mas o resumo do começo de tudo é mais ou menos o seguinte: antes da privatização, o espírito estatal reinante queria que sim, internet fosse telecom. por que? porque isso aumentava os poderes discricionários do monopólio sobre o uso dos meios -muitos escassos- da época. como o controle das prioridades de uma inacreditável fila para se ter uma conta na embratel, que concedia acesso à rede a quem bem entendia, claro que por uma pequena fortuna.

sem mencionar os muitos personagens envolvidos na discussão [até para não cometer injustiças], quem ganhou a disputa filosófica e política foi a visão de que telecom [como existia antes da rede] era infraestrutura, que a internet seria um serviço de valor agregado à infraestrutura e que, acima dela, estariam as aplicações.

a infraestrutura seria regulada como telecom; a internet seria fomentada, articulada e, de certa forma, coordenada por um comitê gestor [que veio a ser o CGI.br], que tomaria providências para que o espaço universal e democrático que viria a ser criado pelos protocolos de internet e suas aplicações continuasse tendo, no longo prazo, o espírito dos criadores da rede.

abaixo, um slide de uma palestra antiga [mas que uso até hoje, porque tudo continua válido], com os princípios que leonard kleinrock escreveu para a "primeira" internet. tais princípios deveriam ser preservados por todas as redes que fazem a internet, em todos os lugares e tempo.

do ponto de vista prático, para o acesso à internet no brasil, o espírito destes predicados está consolidado na norma 4/95 do antigo minicom, que põe ordem na casa da internet.BR, definindo inclusive a existência de órgãos especializados [que não a própria anatel ou o minicom, que tratam de "telecomunicações"] para coordenar a internet.

a internet cresceu, tornou-se o verdadeiro ambiente de conectividade [note bem, conectividade e não comunicação] mundial e isso atrai todo tipo de aproveitador. desde os que tentam legislar sobre restrições a seu uso [o caso paradigmático nacional é o AI5 digital, claro] até os estados, que estão tentando, desde o começo, descobrir fórmulas para aumentar a arrecadação com esta "nova" forma de "comunicação".

falando nisso, o brasil é um dos países que mais arrecada impostos sobre comunicação no planeta. os governos têm um discurso de universalização que, visto de longe, parece crível. mas, de perto, as contas telefônicas têm pelo menos 30,15% de impostos, elevando o brasil a um honroso terceiro lugar mundial em carga tributária de telecom, atrás apenas de turquia e uganda [ou, de acordo com esta fonte, segundo do mundo, atrás apenas de bangladesh; seja como for, não estamos em boa companhia].

o provimento de acesso à internet não está isento de impostos e também está sob a uma das maiores cargas tributárias do planeta, chegando a 40% [contra 5% no japão e 27% na argentina]. rogério santanna, que saiu do governo não faz muito tempo, alerta, discutindo a tentativa do ministério das comunicações de revisar a norma 4 e redefinir internet como telecom: "Há uma ganância dos estados com esse negócio novo que é Internet. Esse é o grande pano de fundo das discussões [sobre a norma 4] e precisamos ficar atentos. Concordo que Internet não é telecomunicações". se o ex-presidente da telebrás estiver certo, internet vai acabar como cigarro, pois já parece que os fumantes tragam quase só impostos. capaz de fazer mal maior que fumo…

mas o que está por trás da tentativa de reescrever a norma 4/95 pode ser bem mais do que impostos.

lá no começo da internet comercial, ao determinar que a articulação e coordenação da internet deveria ser plural e independente do executivo, decidimos por uma política e estratégia multifacetada, a partir de uma representação social ampla, diversa, perto do governo, com representação dele, mas independente. à época, talvez o governo não tenha percebido o que a internet estava para ser, acabando no que é hoje e será, ainda mais, daqui para a frente.

agora, o governo parece entender que "internet é importante demais para ficar nas mãos da sociedade" e que "tá bom, chega de brincar de comitê gestor e quetais…", chegou a hora "desta coisa de internet virar poder, e poder puramente público, do executivo".

é bom deixar claro que, não fosse pelo modelo definido pela norma 4/95 e levado a cabo pelo CGI.br, às vezes contra muitos e escusos interesses, talvez a internet.BR tivesse levado muito mais tempo para ser o que é hoje. ou, pior, tivesse ficado desde o começo nas mãos das teles que, mesmo depois das privatizações, não sabiam nem se o bicho cantando era um galo, quanto mais o que e onde ele cantava. teríamos perdido muito, todos, por muito tempo.

há quem diga que o nó da questão é que a reforma do setor ficou pela metade [ou aí pelos 90%...], porque o esforço de redesenho institucional parou logo antes da extinção do ministério das comunicações. pois bem… é de lá, agora, que parte a proposta de reescrever a norma 4/95 e declarar que internet é telecom. não, não é. nem técnica, nem teórica, tapouco prática ou filosoficamente. internet funciona sobre a infraestrutura de telecom, mas não é telecom. em nenhum lugar.

não fosse o respeito pelas instituições em questão, não seria difícil dizer que, da forma em que está posta e interpretada, tentar redefinir internet como telecom, jogando fora o espírito da norma 4/95, é um golpe. um aberto e profundo golpe nas bases em que a rede está estabelecida no país há década e meia.

a norma é antiga e tem que ser revisada para representar os avanços dos últimos 15 anos? é claro que sim. permanentemente. mas não a ponto de voltar ao passado e, por razões que devem explicações à lógica e ao bom senso, redefinir a internet como sendo, simplesmente, telecomunicações.

seja como for, estamos frente a frente com uma daquelas horas da verdade, onde as instituições e pessoas têm que decidir seus lados no embate e lutar pelo futuro em que acreditam e querem construir. este blog é pela definição original, de que internet NÃO é telecom. e acredita piamente que o governo NÃO pode e nem deve –sozinho ou em um espaço sob seu comando e controle- ser o regulador da internet.

devemos a internet que temos à pluralidade que criamos lá atrás. defendê-la, agora, é prioridade número um para que tenhamos, no futuro, a internet que queremos ter.

aí é onde entra o I fórum da internet no brasil. clique na imagem abaixo pra ver o que vai rolar e como você e sua galera podem participar. a tentativa de reescrita da norma 4 vai ser apenas um dos muitos desafios que serão discutidos no fórum. e a esperança é construir um amplo conjunto de entendimentos que nos permita preservar e fortalecer uma internet livre, diversa e plural no brasil.

http://smeira.blog.terra.com.br/2011/09/02/internet-no-telecom/

Manifesto Abranet

postado em 23 de ago. de 2011, 14:21 por Abranet

(Publicado em 05/08/2011 nos jornais Folha de São Paulo, Valor Econômico e O Globo)

As regras da Internet não devem mudar

A Abranet – Associação Brasileira de Internet - vem a público manifestar sua surpresa e indignação com a informação divulgada pela imprensa de que o Governo, através do Ministério das Comunicações, encaminhou à Anatel documento solicitando avaliação de mudanças substanciais nas regras que regem a Internet brasileira.

Tais mudanças, que na prática extinguem a Norma 4 de 1995, afetarão de maneira contundente o mercado de Internet, pois eliminará a possibilidade dos provedores de serviços/conteúdos na Internet de reivindicarem das operadoras de telecomunicações tratamento isonômico em relação aos provedores das próprias empresas de telecomunicações.

O atual regulamento foi e é fundamental para manter o crescimento da Internet, por permitir competitividade, menores preços, variedade e qualidade no provimento de conteúdo nacional e, conseqüentemente, é vital para a sua sobrevivência. Além disso, a mudança proposta sugere o aumento substancial de impostos, tratando a Internet como serviço de telecomunicações e, portanto, sujeita à incidência de ICMS.

A Abranet, que sempre esteve e estará à disposição dos órgãos do Governo e da sociedade para debater de forma aberta, transparente e democrática, repudia qualquer tipo de atitude que despreze o bom senso e deixe de ouvir todos os interlocutores importantes do setor. Assim, a Abranet confia que o debate, essencial numa sociedade democrática, ainda seja realizado e, por legitimamente representar o setor, entende que pode dar contribuições fundamentais aos interesses dos milhões de usuários de Internet no Brasil.

 ABRANET – Associação Brasileira de Internet

Classe média digital

postado em 7 de ago. de 2011, 14:49 por Abranet

 
Teletime Edição 144 - Ano 14 - Junho 2011
 
De um lado, o bairro do Morumbi, um dos mais ricos de São Paulo, sinônimo de luxo e sofisticação; do outro, a favela de Paraisópolis, segunda maior de São Paulo, que há cinco anos começou a ser asfaltada e conta com coleta de esgoto em somente 30% de seus domicílios. Qual dos bairros vizinhos é mais digital? Qual deles gasta mais tempo na Internet? Se a resposta foi Morumbi, ela pode não ser a mais exata. 

Para o presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), Eduardo Neger, muita coisa mudou nos últimos 15 anos, quando a associação foi formada, principalmente com a ascensão social dos 30 milhões de brasileiros que nos últimos anos, segundo dados do governo, migraram das classes D e E para a classe C. “Nos últimos cinco anos, principalmente, o perfil predominante de internauta passou a ser o da classe média, não mais dos extratos sociais mais abastados”, diz. As operadoras alegam saber disso e dizem que trabalham com estratégias e serviços cada vez mais voltados para esse público. Mas a realidade não é bem essa. 

A comunidade de Paraisópolis é um dos símbolos dessa nova classe média brasileira, que atualmente forma o maior grupo social do País. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), eles são 91 milhões de pessoas com renda mensal de R$ 1.064 a R$ 4.591. De acordo com o Ibope Mídia, representam 47% da população e têm idade de 12 a 64 anos. 

A redução do desemprego, a elevação do salário mínimo acima da inflação, a ampliação do acesso ao crédito e a valorização do real – associados a políticas públicas, como o Bolsa Família – são os principais gatilhos desse fenômeno sócio-econômico. Porém, o ponto a se destacar é que, com a melhoria de vida, a Internet ganhou um papel fundamental para esse grupo social. Tão fundamental que nos últimos três anos mais de 45 milhões de brasileiros da classe C passaram a acessar a web, a maior migração tecnológica já vista desde a chegada da televisão ao País, nos anos 50. Em 2004, segundo o Target Group/Ibope, 65% dos internautas brasileiros pertenciam às classes A e B, enquanto 29% eram da classe C. Em cinco anos, essa diferença despencou de 36 para 8 pontos percentuais: ou seja, em 2009 as classes mais altas passaram a representar 50% desse total, ante 42% da classe média, que empata em número de internautas se forem considerados os 8% das classes D e E. 

E para o instituto de pesquisa Data Popular, esses números estão subestimados: 80% de internautas no Brasil são da classe C. “A nova classe média movimenta R$ 273 bilhões na web por ano somente com seu salário. Se considerarmos o crédito disponível a ela, esse montante dobra”, informa Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular. 

O diretor de segmentos da Telefônica, Márcio Fabbris, acrescenta: “A penetração dos serviços de banda larga nas classes mais altas já é grande. Quem garante o crescimento do Speedy (serviço de Internet da operadora) realmente é o público das classes C e D”. 

Nova classe média digital 

A nova classe média vem chamando tanto a atenção do mercado e dos especialistas que no final do ano passado a consultoria norte-americana Razorfish realizou um estudo, em parceria com o portal Terra, sobre os hábitos e comportamentos desses consumidores. Batizado de The Stampede (“A debandada”), o documento apresenta um retrato quantitativo e qualitativo inédito da classe média do Brasil, México e Argentina, os três maiores mercados da América Latina. 

O vice-presidente sênior de estratégia e planejamento da Razorfish, Joseph Crump, se mostrou surpreso com os resultados e alegou nunca ter visto uma evolução tecnológica tão rápida em uma região. “Estamos presenciando uma verdadeira revolução digital acontecendo bem diante dos nossos olhos”, diz. Uma das principais conclusões do estudo é a de que a nova classe média latino-americana deve ser repensada e redefinida como a “New Digital Middle Class” ou a “nova classe média digital”, por ser esta a característica que melhor a define. 

Outra importante premissa do relatório é a de que esse contingente é, ao mesmo tempo, “o mais poderoso e incompreendido” da América Latina. Isso porque ainda há uma percepção geral da classe C como um extrato social composto por gente pobre, ignorante, conformada e desinformada. Essa visão, segundo a Razorfish, está totalmente ultrapassada. Além da maioria da população brasileira, o levantamento aponta que essas pessoas são agora protagonistas da nova economia nacional, ‘antenadas’, digitais, móveis e o mercado mais interessante e rentável para as empresas e operadoras. 

Para entender o que está por trás da grande “debandada” da nova classe média digital rumo à Internet é preciso primeiro discernir as aspirações e motivações dessas pessoas. O primeiro, e talvez mais importante motivo, é a educação e a ascensão social. 

Segundo o estudo da Razorfish, os pais vêem o acesso à Internet como um modo de dar aos filhos “uma vida melhor, diferente daquela que eles tiveram”. O diretor da Telefônica concorda e ratifica. “Mais da metade das pessoas que assinam o Speedy o fazem por causa da educação dos filhos. Este é, sem dúvida, o principal motivo de compra do serviço”, diz Márcio Fabbris. 

Além do mais, pontua o relatório, os pais estão cientes de que a qualidade do ensino público é precária, por isso a Internet para eles desempenha uma função de compensação e complemento, fonte de informação e pesquisa. 

O presidente da Abranet concorda com o estudo e celebra a evolução do papel educacional da Internet. “Isso evoluiu de tal maneira que hoje já é possível até assistir aulas de algumas das melhores universidades do mundo. Instituições como Harvard e MIT (Massachusetts Institute of Technology) já disponibilizam os arquivos de vídeo de suas aulas”, exemplifica. “Evidente que o aproveitamento do internauta não será igual à experiência presencial de um aluno, mas o conteúdo todo está ali. No Brasil, a Unicamp é uma das pioneiras”, diz. 

Empreendedorismo 

A outra mola propulsora da Internet na classe C é a vocação ao empreendedorismo. Em condições financeiras mais favoráveis e com a oferta de microcrédito, muitos optam por montar seu próprio negócio. Segundo dados do Banco Central, a média mensal nos últimos dois anos é de 100 mil contratos de financiamento no valor médio de R$ 1,3 mil. “Praticamente todos são pequenos empresários, que não querem mais ter chefes e horários fixos. Eles entendem que a classe média está crescendo e que as melhores pessoas para atender e entender essa classe só pode vir do mesmo grupo social”, diz o diretor da Razorfish. “Para essas pequenas empresas, a Internet é tão necessária quanto água e energia elétrica”, acrescenta. 

As mulheres representam mais da metade (53%) desses pequenos empresários brasileiros, segundo o Banco Mundial. E, na classe C, são responsáveis por 41% da renda familiar (na classe A essa proporção é de 25%). O estudo da Razorfish classifica as mulheres como “CTOs, CFOs e early adopters da nova classe média digital”. “Elas são o coração dessa nova classe média, pois geralmente tomam a decisão de compra dos serviços e equipamentos tecnológicos de suas casas”, destaca o relatório, que acrescenta: “mais de 30% das mulheres são chefes de família e elas entendem o poder do ‘digital’ para aprimorar sua qualidade de vida por meio do acesso à informação e educação e para melhorar o futuro de seus filhos, além de ferramenta de empreendedorismo e geração de novas receitas”. 

O estudo ainda revela que 40% das mulheres brasileiras gastam mais de duas horas por dia na web; 33% consideram a Internet uma melhor fonte de entretenimento em comparação à TV; e 15% sentem-se mais inteligentes por utilizar esse serviço. “É por esse e outros motivos que a GVT utiliza cada vez mais a figura feminina e do jovem em suas estratégias de marketing. O papel da mulher mudou drasticamente nos últimos anos”, diz Alcides Troller, vice-presidente de marketing da GVT. 

Fabbris, da Telefônica, também entende assim e diz que as campanhas da operadora têm quase sempre a família como protagonista, em ambiente doméstico. 

Mídias sociais 

As redes sociais têm sido o principal motivo para o crescimento da Internet no País. Os números impressionam. Recentemente, o Ibope divulgou um estudo apontando que 85,6% dos brasileiros acessaram ao menos uma vez alguma rede social durante o último mês de março, de casa ou do trabalho. Os dados demonstram que a “febre” cresce cada vez mais e conquista novos espaços não só como canal de relacionamento, mas também como ponto de contato entre empresas e clientes. 

E, novamente, quem lidera esse crescimento é a classe C: 45% deles utilizam redes sociais frequentemente, que se somam a 10% pertencentes aos segmentos D e E. Ou seja, a maioria dos usuários dessas mídias é das classes sociais de menor poder aquisitivo. Isso acontece, segundo especialistas, porque as classes C, D e E, sobretudo as crianças, adolescentes e jovens, vêem a Internet mais como ponto de encontro do que como mídia propriamente dita. E a nova classe média, de acordo com o Target/Ibope, é a que possui maior população jovem, com 38% de 12 a 19 anos; 24% de 20 a 24 anos; e 46% de 25 a 34 anos. 

E quem ainda não entrou, pretende. Do total de internautas que não acessa às redes sociais, 34% têm interesse. Destes, 42% são da classe C; 56%, D/E e somente 25% das classes A/B, aponta o Ibope. 

Para acessar às mídias sociais, a nova classe média digital utiliza muito as Lan houses. Há aproximadamente 90 mil desses estabelecimentos no Brasil e cerca de 37% dos acessos às redes sociais acontecem nesses locais. “Há muitos desses espaços em Paraisópolis, com cerca de 20 a 30 computadores. E também é bastante comum pessoas que assinam um serviço de banda larga e compartilham o link com os vizinhos. Dividir os custos ajuda a pagar a parcela do notebook, da tevê LCD, do smartphone”, explica Joildo Santos, diretor da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis. 

Por representar o grupo social com maior contingente de jovens, essa nova classe média digital também é a que mais tem representantes da geração Y. “Eles têm em média 20 anos e veem a Internet como item de consumo, uma necessidade. Para eles não é necessário ensinar ou criar uma cultura digital, pois já nasceram nela”, diz Neger, da Abranet

Desejo, renda e acesso 

Alcides Troller, da GVT, sustenta que um outro fator decisivo no grande aumento da penetração da Internet na nova classe média digital pode ser resumido em três iniciais: IRA (interesse, renda e acesso). 

Ele destaca que o interesse da classe média brasileira pela Internet e novas tecnologias sempre existiu, porém não passava de um desejo, uma vez que os serviços e equipamentos eram muito caros, a capacidade de consumo limitada e a infraestrutura de acesso distante dos bairros mais pobres. “Nos últimos três a quatro anos, o custo dos computadores vem caindo no País. Não é por acaso que o número de PCs vendidos tem sido maior que o de TVs anualmente”. Levantamentos do varejo apontam que, em 2010, nove em cada dez computadores comercializados no País foram adquiridos pela classe C. 

O executivo salienta que essa queda de preços também pode ser observada nos serviços. Para isso cita o exemplo da própria GVT, que há três anos vendia um link de 150 kbps por R$ 49 mensais. “Hoje, por este preço, é possível adquirir um plano de banda larga de 5 Mbps”, compara. “O poder de consumo da classe C vem subindo e os custos caindo. Com esses dois vetores se movimentando em direções opostas e a infraestrutura cada vez mais acessível, a classe média é a que mais contrata serviços de Internet no Brasil”. Segundo ele, a presença da GVT no Rio de Janeiro é muito maior em bairros periféricos como Méier, Tijuca, Madureira, Bonsucesso e Jacarepaguá. “Cerca de 70% da nossa rede cobre regiões de classe C. Os outros 30% estão em locais com mais poder aquisitivo, como Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca”, revela. 

Segundo o executivo, a GVT olhava para algumas cidades e via de 30% a 40% da população com renda e interesse em produtos da operadora. “Hoje observamos esses mesmos locais e vemos um mercado potencial de 70% a 80%”, diz. 

O desejo descrito por Troller se mostra em números. Ao término de 2010, aproximadamente 3,7 milhões de famílias brasileiras tinham a intenção de comprar um computador: 13% das classes A e B; 30% da classe D e 57% da classe C. Entre os 28 milhões de lares com computador, 23% são das classes A/B; 63% da classe média; e 14% da classe D. Todas as residências dos ricos (A/B) com PC também contam com acesso à Internet, o que não ocorre nas casas das classes C (59%) e da classe D (18%), segundo dados do Data Popular. 

Rodrigo Abdalla, pesquisador do IPEA, destaca outra vantagem da classe C: o baixo nível de inadimplência. “Eles utilizam bastante serviços de financiamento e cartões de crédito, por isso ter nome limpo na praça é essencial”, explica. Em 2009, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs), a população com renda inferior a R$ 1,7 mil representou 69% do mercado de cartões de crédito. 

Cientes disso, bancos já negociam com redes de adquirência e operadoras a criação de uma conta bancária para baixa renda, que não exija muitas documentações e que viabilize aos usuários a realização de compras e recebimento de pagamentos pelo celular (ver entrevista na página 12). 

Web móvel 

Outro bom exemplo do poder de consumo digital da classe C está nos serviços móveis. O alto valor do minuto cobrado pelas operadoras móveis sempre representou uma dor de cabeça principalmente aos integrantes da nova classe digital, mais sensíveis aos preços. Em 2009, a TIM radicalizou, com um plano que não mais tarifaria as ligações por minuto, mas sim por chamada. Ou seja, o usuário pagaria somente o primeiro minuto da ligação, podendo falar por quanto tempo quisesse sem pagar nada mais por isso, para outros celulares TIM e fixos de qualquer operadora. O sucesso da operadora, medido no aumento da base de assinantes (32 milhões de linhas em pouco mais de um ano e meio), obrigou os concorrentes a adotarem planos flexíveis e agressivos, do ponto de vista financeiro, também para a base pré-paga. 

O desafio das teles móveis agora é o de tornar a banda larga móvel mais acessível também para a base pré-paga. 

Apesar de ter crescido bem mais do que a banda larga fixa no ano passado (138% contra 21%), a web móvel ainda não é uma mídia acessível para a maioria da nova classe média digital, segundo relatório da Razorfish. 

Segundo o Target Group/Ibope, 39% dos celulares das classes A/B têm acesso à Internet, contra 21% da classe C e 12% das D/E. 

No final do ano passado, mirando sua base pré-paga (a maioria, 80% em média dos clientes das operadoras móveis), a TIM lançou um plano de dados no melhor “esquema lan house”, no qual o usuário paga R$ 0,50 para utilizar a Internet no dia que desejar. Se a pessoa decidir usar a conexão nessa modalidade todos os dias gastará, ao final de um mês, R$ 15. “É muito mais acessível. A lan house mais barata cobra R$ 1,50 por hora. Nosso plano dá um dia inteiro de Internet por um terço disso. E com mobilidade”, diz Fernando Mota, diretor de marketing consumer da TIM para os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. 

A TIM parece ter saído na frente também em sua política de canais para a nova classe média. Enquanto o diretor de marketing da Claro, Erik Fernandes, defende que a operadora adota o mesmo tipo de comunicação para todas as classes sociais e a Vivo divulga uma ação pontual no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, a TIM passou seis meses desenvolvendo um projeto comercial para as comunidades carentes e atualmente conta com mais de 1.140 pontos de venda em 169 favelas do Grande Rio. “No ano passado começamos a entender o crescimento das classes C e D, treinamos uma equipe especificamente para esse atendimento e estamos obtendo excelentes resultados”, diz Mota. Segundo ele, o número de adições líquidas da TIM entre janeiro e abril de 2011 praticamente dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, de 130 mil para 255 mil. “Levamos, para nossa loja no Complexo do Alemão, o iPhone 3GS por doze parcelas de R$ 99. Em três dias o estoque se esgotou e estamos com fila de espera”, comemora. 

O executivo diz que a comunicação local nessas favelas foi customizada, com músicas de funk como fundo musical dos anúncios e divulgação e patrocínios em rádios locais. “Além disso, procuramos representantes de ONGs, associações, pessoas influentes nos bairros e conquistamos alguns importantes evangelistas para divulgar nossos serviços”, lembra. 

Em São Paulo, a empresa seguiu a mesma linha estabelecida no Rio de Janeiro. Pelo menos é o que afirma o diretor da associação de Paraisópolis. “A TIM foi a única operadora a adotar uma ação comercial específica em Paraisópolis, estabelecendo pontos de recarga em diversos comércios locais”, diz Joildo Santos. 
 


A democratização do FTTx
  
Nas cidades vizinhas de Pompeia, Garça e Marília, distantes cerca de 400 quilômetros de São Paulo, o provedor local Life decidiu inovar e oferecer serviços de fibra óptica para as classes C e D dos municípios. Para isso, instalou fibra em toda a cidade e passou a prover links de 1 Mbps, 10 Mbps e 20 Mbps, com mensalidades a partir de R$ 39,90 e modem óptico cedido em comodato, por R$ 70. Um dos lugares que tem acesso a esse serviço é um conjunto habitacional popular (CDHU, na foto), do município de Pompeia, com moradores de baixo poder aquisitivo. O diretor de operações da Life, Oswaldo Zanguettin Filho, garante que a operação tem dado certo. “Atualmente temos 5 mil clientes de banda larga e 70% deles são da classe C. Nossa base de assinantes cresceu 65% no último ano e a expectativa é que esses números se mantenham”, diz.

 
http://www.teletime.com.br/05/08/2011/classe-media-digital/tt/234827/revista.aspx
 

Abranet contesta revisão de Norma 4 sobre provedores

postado em 5 de ago. de 2011, 18:46 por Eduardo Neger   [ atualizado em 7 de ago. de 2011, 14:48 por Abranet ]

Sex, 05 de Agosto de 2011 19:12 por Georgia Jordan


Para a associação, a regra impede que operadoras usem seu poder de mercado para quebrar concorrência

A Associação Brasileira de Internet (Abranet) publicou comunicado nesta sexta-feira (5) contestando a possível revisão da norma 04/95, que proíbe as operadoras de serviços públicos de telecomunicações de ser provedoras de acesso à internet.

Na semana passada, o Ministério das Comunicações encaminhou um pedido para que a Anatel estude uma nova regra para substituir a Norma 4, que foi criticada durante a CPI da Pedofilia no Senado. Segundo o relatório da CPI, os provedores de internet teriam problemas em guardar números de identificação de clientes, o que dificulta a ação policial contra a pornografia infantil. 

Para o diretor presidente do Conselho Consultivo Superior da Abranet, Eduardo Parajo, a revisão da norma reflete um “completo desconhecimento de como o mercado funciona”, uma vez que a proibição criou um mercado de provedores, garantindo a competitividade no país.

Para a Abranet, a mudança proposta pelo governo trata a internet como serviço de telecomunicações, o que a sujeita à incidência do imposto estadual (ICMS), encarecendo o preço para o consumidor final. Segundo Parajo, as ofertas de provedor gratuito dos serviços de banda larga de operadores de celular e TV a cabo, que a norma não impede, são falaciosas porque o serviço tem um custo.

Ele disse ainda que a Norma 4 impede as operadoras de usar seu poder de mercado como detentoras da infraestrutura da internet para eliminar a concorrência dos provedores. No momento, as concessionárias só podem oferecer o serviço de provedor de internet indiretamente, através de outra empresa, seja ou não do mesmo grupo.

Parajo também contestou a tese do relatório da CPI, afirmando que os provedores foram os primeiros a ajudar no combate à pedofilia, e que a medida tenta exterminar a única parte da cadeia produtiva do serviço de internet que colaborou com as iniciativas contra a pornografia infantil. (Da redação)

 

Anatel designa integrantes do Comitê de Defesa dos Usuários

postado em 21 de jul. de 2011, 17:37 por Abranet

Qui, 21 de Julho de 2011 19:05

Mandato dos novos indicados terá dois anos de duração

O Conselho Diretor da Anatel designou, nesta quinta-feira (21), os novos integrantes do Comitê de Defesa dos Usuários de Telecomunicações (Cdust). A escolha foi feita a partir da indicação das entidades de classe e prestadoras de serviços do setor.

Os novos indicados vão substituir os integrantes anteriores, que concluíram o mandato em novembro do ano passado. O mandato é de dois anos. Para representar as entidades do STFC individual, foram designados Anésio Silva Botelho (titular) e Alexandre Werneck de Oliveira (suplente), indicados respectivamente pela Apae e Procon. Já as entidades do STFC coletivo serão representadas por Veridiana Alimonti (titular) e Allysson Gustavo Amaral de Almeida (suplente), indicados pelo FNDC e pelos usuários.

Para representar as entidades do SMP foram designados Polyanna Carlos da Silva (Proteste) e Alexandre Appel (Fórum Latino Americano de Defesa do Consumidor). As entidades do SCM serão representadas por Fátima Regina Arlete Lemos (Procon-SP) e Tatiana Viola Queiroz (Proteste).

Outros serviços terão como integrantes Carlos Alberto Greco (Abranet) e Márcio Alexandre da Silva Pinto (Ongdecid). Enquanto as prestadoras terão como representantes Carlos Fernando Duprat (SindiTelebrasil) e João Moura (Telcomp). (Da redação)

 

http://www.telesintese.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=18195:anatel-designa-integrantes-do-comite-de-defesa-dos-usuarios&catid=13:plantao&Itemid=1126

Banda (quase) larga

postado em 20 de jul. de 2011, 19:06 por Abranet



Por Renata Leal, de INFO  Segunda-feira, 18 de julho de 2011 - 09h54

São Paulo - Encravada entre montanhas e cortada pelo rio Pardo, a cidade de Caconde, distante 290 quilômetros da capital paulista, na divisa com minas Gerais, tem quase 20 mil habitantes e vocação para esportes radicais e de aventura, o que atrai muitos turistas.

Com esse perfil, ter um bom serviço de banda larga parece indispensável. Mas não é o que acontece. Na prefeitura da cidade, a conexão discada alcança 52 kbps*, uma velocidade de tartaruga. Se num momento de ócio um funcionário público de Caconde resolvesse baixar um filme pela internet, ele levaria 7 dias, 23 horas, 27 minutos e 10 segundos para aterrissar num dos micros da prefeitura.

Em Macapá, capital do Amapá, cidade com cerca de 400 mil habitantes, falar pelo Skype, assistir a um vídeo do YouTube ou fazer uma transação pelo internet banking são atividades nada corriqueiras para a maioria da população. Veja o caso do empresário Rafael Lamarão, 27 anos. Ele paga 200 reais ao mês para ter internet com velocidade de 256 kbps, que chega por rádio. "Meu sonho é que a fibra venha logo", diz Lamarão.

Veja a tabela completa das velocidades nas dez cidades mais populosas do Brasil

Saiba quais são as empresas campeãs de reclamações em banda larga

Mapa mostra a velocidade de download e upload nas principais cidades do país

No país dos contrastes, a conexão de banda larga não é exceção. Os moradores dos bairros populosos das grandes capitais não têm muito do que reclamar de sua conexão à internet. Já aqueles de cidades do interior e de regiões mais distantes, como Macapá, não podem dizer o mesmo. Eles são atendidos, na maioria das vezes, por provedor único que cobra caro e oferece um serviço ruim.

Para avaliar a qualidade da banda larga no Brasil, INFO analisou a conexão de 5 892 leitores, que nos últimos seis meses mediram a velocidade do acesso que usam principalmente em casa. Foram 11 208 medições válidas, em 828 cidades de norte a sul do país. Trata-se do maior teste de banda larga já feito pela revista. Em 17 dos 27 estados avaliados, a velocidade de download ficou abaixo da média nacional registrada, que chegou a 4,470 Mbps. Já a velocidade média de upload não ultrapassou 637,7 kbps.

*A prefeitura municipal da Estância Climática de Caconde (SP) esclarece que tem um link dedicado com velocidade de download de 7 Mbps. Desses, 4 Mbps são destinados à população pelo programa de acesso gratuito Cidade Digital. A conexão é distribuída por rádio e a velocidade final fica na faixa de 64 kbps – exatamente o valor testado pelo participante que avaliou sua conexão com o medidor de velocidade do site da INFO.

Isso significa que para a maioria dos brasileiros a velocidade média de download é suficiente para navegar de forma satisfatória. Mas para o upload, a situação é bem diferente. Uma família que queira, por exemplo, transmitir ao vivo o aniversário do filho precisaria, no mínimo, de 1 Mbps, ou quase o dobro da média registrada nos nossos testes. O site de streaming Ustream recomenda 1,5 Mbps para uma qualidade de vídeo apenas satisfatória. As análises mostram que a velocidade de upload é apenas 14% do registrado para downloads.

O teste da INFO foi realizado com um medidor que os leitores rodaram em seus computadores, que afere a velocidade e a qualidade da conexão. Fruto de uma parceria com o NIC.br/Ceptro.br, órgão responsável por analisar a internet no país, o medidor é uma aplicação em Java que utiliza a rede PTT (entroncamento de rede que liga os provedores para a troca de tráfego) para fazer as medições de velocidade com os principais protocolos de comunicação utilizados na rede. Problemas como atrasos e falhas também foram avaliados.

Para chegar às médias, INFO considerou as cidades onde foram feitas ao menos oito medições. O Ceptro.br usa esse medidor há um ano e meio e vem observando evolução nas conexões no país. "De dezembro em diante, houve um aumento significativo na velocidade de download", afirma Fabrício Tamusiunas, supervisor de projetos do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Esse aumento é ref lexo da maior oferta de serviços, principalmente nas capitais.

Um leitor de São Paulo, que assina o pacote de 100 Mbps do provedor Ajato, da TVA, conseguiu o recorde de velocidade de download no teste: 63,073 Mbps. Apesar de não ser a velocidade nominal e considerando as perdas naturais dos protocolos de comunicação, trata-se de uma excelente marca. Esse leitor poderia, por exemplo, baixar um filme de 120 minutos em alta definição (720p) em 9 minutos e 2 segundos. Um contraste e tanto com a marca obtida na prefeitura de Caconde, a lanterna do teste.

Os melhores serviços

Entre as operadoras de banda larga, o destaque vai para a GVT, que vem expandindo seu serviço com agressividade tanto em preço quanto em velocidade e obteve nota 6,7 do INFOlab, a maior do teste. Presentes em 94 cidades de 18 estados, os planos Power da GVT começam em 5 Mbps de download nominal e preço de 49,90 reais. Mas não é apenas a internet que é veloz na GVT. Os processos de inovação também. Para lançar a conexão de 100 Mbps, a primeira que chegou ao mercado, foram necessários apenas 15 dias, da concepção ao treinamento dos vendedores. Nada mau para um mercado em que a disputa é cada vez mais acirrada.

Nas cidades onde a GVT entrou, os preços caíram e a qualidade dos concorrentes melhorou. Na base de clientes da empresa, a velocidade contratada mais comum é a de 10 Mbps (69,90 reais), mas deve subir para 15 Mbps (79,90 reais) até o final do ano. Entre as grandes operadoras, a GVT é a menor em número de assinantes, com 1,1 milhão de clientes. Na segunda posição do ranking aparecem empatadas a NET, com o Vírtua, e a Telefônica, com o Speedy. A operadora Oi, a maior do país em número de clientes, ocupa o terceiro lugar. Embratel, Ajato e CTBC Algar Telecom não obtiveram número suficiente de medições para constar no ranking nacional.

Com o aumento da oferta de velocidades de conexão no Brasil e no mundo, o conceito de banda larga vem mudando e já se fala, por exemplo, em superbanda larga, quando a conexão é superior a 10 Mbps. Entre os leitores que participaram do teste da INFO, as velocidades contratadas mais comuns são de 1 Mbps, 2 Mbps e 10 Mbps. Elas refletem o cenário brasileiro, embora a faixa de 2 Mbps esteja desaparecendo do serviço das operadoras. Aqui, um parêntese. (Esteja sempre atento. Caso seu plano seja extinto pela operadora, renegocie preço e velocidade para não pagar mais caro por um serviço que não é mais ofertado a novos entrantes.)

No país, 48% das conexões variam entre 512 kbps e 2 Mbps e apenas 5,5% dos usuários residenciais contratam velocidades superiores a 8 Mbps. Na outra ponta, 7% ainda usam conexão discada. É o caso da estudante Thais Mota de Andrade, 19 anos, que mora na zona leste de São Paulo. "Se acesso vídeos, trava tudo", diz Thais. Para navegar nas redes sociais, checar e-mails e fazer buscas, ela não tem muitos problemas, mas precisa exercitar a paciência enquanto as páginas carregam. A família de Thais assinou o Speedy, da Telefônica, mas acabou desistindo do serviço porque a qualidade era muito ruim na região. Hoje, eles fazem parte dos 500 mil clientes da Telefônica que ainda usam conexão discada no estado de São Paulo.

Números do Ibope Nielsen Online do último trimestre de 2010 apontam que 73,9 milhões de pessoas acessam a internet no Brasil, seja em casa, no trabalho ou em locais públicos. Isso representa um crescimento de quase 10% em um ano, embora o alcance da internet ainda seja inferior a 40% da população brasileira. A boa notícia é que o acesso domiciliar cresceu 24% entre 2009 e 2010, chegando à casa de 52,8 milhões de pessoas. Além de usar a internet em casa, cada vez mais consumidores optam pelos smartphones. Tanto que os acessos móveis ultrapassaram os fixos no ano passado. São atualmente 24,4 milhões de acessos por celular e modems 3G, contra 14,5 milhões pelo ponto fixo.

Para a nova classe média

A banda larga móvel dá saltos anuais. No ano passado, cresceu 138% e a estimativa é de chegar ao fim deste ano com 32 milhões de conexões. Entre móvel e fixa, quase 41 milhões de pessoas têm banda larga no país. "Há um boom. As pessoas querem comprar telefones e computadores. Mas na banda larga muitas vezes não há oferta ou quando existe, não há qualidade", diz Vinicius Caetano, analista sênior da consultoria Pyramid Research.

Esse boom acompanha o crescimento da classe média brasileira. "A banda larga está crescendo nas classes C, D e E. Os gastos com os serviços de telecom já representam 2,6% do orçamento", diz Nelson Wortsman, diretor de infraestrutura e convergência digital da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia de Informação e Comunicação).

Um dos maiores problemas para a expansão do acesso à internet no Brasil é estrutural. "É muito difícil construir uma nova infraestrutura de banda larga. E remendar a atual não adianta", afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. Para Tude, essa construção só será feita com esforços das operadoras e do governo, com o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

Há casos em que a expansão da rede esbarra na complexidade de instalar fibra nas grandes cidades. É o que acontece hoje, por exemplo, com a GVT em São Paulo. Para chegar a uma cobertura mínima de 30%, e assim viabilizar a operação na cidade, a GVT tem esbarrado na necessidade de uma grande quantidade de licenças municipais para instalar seus cabos de fibra óptica. "Cada obra tem uma licença específica. Às vezes é ambiental, em outras é de patrimônio histórico ou simplesmente de permissão de horário para o trabalho numa via", afirma Alcides Troller, vice-presidente de marketing e vendas da GVT.

Em lugares mais distantes dos grandes centros, como Macapá, onde mora o empresário Rafael Lamarão, o custo é mais alto. Lá, a Oi oferece duas opções do serviço Velox. A conexão de 256 kbps tem preço de 220 reais mensais e a de 512 kbps custa 430 reais. Provedores menores no interior de outros estados, como em Balsas (MA), chegam a cobrar 460 reais pela velocidade de 512 kbps. "O preço da banda larga no Brasil ainda destoa muito do de outros países e impede que muitos comprem o serviço", diz Caetano, da Pyramid Research.

O que fazer para mudar esse cenário? Na opinião do especialista José Roberto Mavignier, da consultoria Frost & Sullivan, é preciso aumentar a competição e reduzir o impacto da carga tributária. Nas grandes cidades, sobretudo nas mais populosas, a presença de pelo menos duas prestadoras de serviço tem elevado a qualidade e diminuído o preço. O problema está no interior do Brasil. Os altos custos de implantação e o baixo retorno afastam as operadoras.

É esse espaço que o PNBL deve ocupar. Lançado no ano passado, o plano deveria contribuir para a massificação da banda larga no país. A Telebrás, estatal dedicada à área, deveria operar como mais um concorrente. Mas, na prática, nada se viu ainda para cobrir os buracos na infraestrutura. A presidente Dilma Rousseff fala em velocidade de pelo menos 1 Mbps para todos os municípios do país, mas técnicos do Ministério das Comunicações afirmam que isso é inviável. “É muito difícil tomar o Brasil todo por apenas uma referência. Nos grandes centros urbanos, é possível contratar o serviço de 1 Mbps mais barato. Quando vamos para o interior fica complicado”, afirma Eduardo Neger, presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet). Estados como São Paulo e Paraná desoneraram o serviço ao criar a chamada banda larga popular. Com isso, o preço para 1 Mbps caiu para 29,80 reais. "Oferecemos esse preço nos dois estados e faremos o mesmo em todos os que diminuírem a carga tributária", afirma Rodrigo Marques, vice-presidente de estratégia e gestão operacional da NET.

Com a expansão da banda larga, aumentam também as reclamações nas entidades de defesa dos direitos do consumidor. “O serviço deveria ser prestado em regime público, mas é privado", afirma Veridiana Alimonti, advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). “Com isso, pode haver uma massificação, mas não a universalização." A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) recebe uma média de 18 mil reclamações mensais. As principais são sobre reparos no serviço.

Benefícios indiretos

Um país com maior inclusão digital tem sua economia aquecida e pode aumentar o nível de educação de seus cidadãos. Dados do Banco Mundial indicam que 10% de aumento nas conexões de banda larga podem elevar o Produto Interno Bruto em até 1,4%, especialmente em nações em desenvolvimento como o Brasil. "A banda larga é um ponto estratégico para o desenvolvimento, a educação e o trabalho", diz Nelson Wortsman, da Brasscom. A relação entre o PIB per capita e a porcentagem de pessoas com acesso à internet é direta. Quanto mais rica uma nação, mais gente navega. No Brasil, o grande desafio agora é trazer o interior para o patamar das grandes capitais. Só assim o brasileiro poderá dizer quetem uma banda larga de qualidade.

 
http://info.abril.com.br/noticias/internet/banda-quase-larga-18072011-4.shl


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