Entidade: Abranet - Associação Brasileira de Internet
Fonte: Eduardo Neger - Presidente da Abranet Fone: (11) 3078-3866 Contato: Roseli Vazquez, Gerente Executiva gerente@abranet.org.br Entre em contato com a assessoria de imprensa da Abranet:
|
Imprensa
Abranet comemora 15 anos de contribuição à evolução da Internet brasileira
A Associação Brasileira de Internet (Abranet) completa 15 anos de existência hoje, 7 de novembro de 2011. A história da Abranet confunde-se com a história da Internet no Brasil. Fundada em 7 de novembro de 1996, a entidade sem fins lucrativos tem como objetivo principal o apoio ao esforço brasileiro na implementação de empresas provedoras de acesso, serviços e informações, buscando o desenvolvimento da Internet no país. Inicialmente designada como Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet, a entidade atualizou seu estatuto em 8 de maio de 2009, passando a se chamar Associação Brasileira de Internet, abrangendo de forma mais ampla toda a cadeia econômica da Internet no Brasil. A Abranet tem como principais objetivos sociais o apoio às empresas brasileiras provedoras de acesso, serviços, informações, pesquisa, desenvolvimento e demais atividades profissionais relacionadas com Internet e Tecnologia da Informação, incluindo acadêmicos que atuam como pesquisadores nas áreas de Internet e Tecnologia da Informação no país. |
Nota de Falecimento
A Associação Brasileira de Internet (Abranet) informa com grande pesar o falecimento de seu Diretor de Relações com Instituições Nacionais e Internacionais, Luiz Bonilha, no último domingo, 23 de outubro. O velório aconteceu nesta segunda-feira, 24 de outubro, às 17:30 h no Cemitério do Araçá em São Paulo. A cerimônia de cremação será nesta terça-feira, 25 de outubro, às 9:30 h no Cemitério da Vila Alpina em São Paulo.
Além da relevante contribuição à Abranet, Luiz Bonilha será lembrado pela sua sabedoria, gentileza e educação, atributos compartilhados por todos que tiveram a oportunidade de conviver com ele.
|
A internet brasileira em risco
|
70 millones de usuarios de Internet en Brasil
Telesemana, 14/09/2011 |
internet não é telecom
por Silvio Meira sexta-feira, 2 de setembro de 2011 desde o princípio da internet.BR, uma definição essencial serviu de base para tudo o que rolou até agora, e ela está justamente no título deste texto. a história das razões para se chegar nesta definição tão simples é longa, mas o resumo do começo de tudo é mais ou menos o seguinte: antes da privatização, o espírito estatal reinante queria que sim, internet fosse telecom. por que? porque isso aumentava os poderes discricionários do monopólio sobre o uso dos meios -muitos escassos- da época. como o controle das prioridades de uma inacreditável fila para se ter uma conta na embratel, que concedia acesso à rede a quem bem entendia, claro que por uma pequena fortuna. sem mencionar os muitos personagens envolvidos na discussão [até para não cometer injustiças], quem ganhou a disputa filosófica e política foi a visão de que telecom [como existia antes da rede] era infraestrutura, que a internet seria um serviço de valor agregado à infraestrutura e que, acima dela, estariam as aplicações. a infraestrutura seria regulada como telecom; a internet seria fomentada, articulada e, de certa forma, coordenada por um comitê gestor [que veio a ser o CGI.br], que tomaria providências para que o espaço universal e democrático que viria a ser criado pelos protocolos de internet e suas aplicações continuasse tendo, no longo prazo, o espírito dos criadores da rede. abaixo, um slide de uma palestra antiga [mas que uso até hoje, porque tudo
continua válido], com os princípios que leonard kleinrock escreveu para a
"primeira" internet. tais princípios deveriam ser preservados por todas as redes
que fazem a internet, em todos os lugares e tempo. do ponto de vista prático, para o acesso à internet no brasil, o espírito destes predicados está consolidado na norma 4/95 do antigo minicom, que põe ordem na casa da internet.BR, definindo inclusive a existência de órgãos especializados [que não a própria anatel ou o minicom, que tratam de "telecomunicações"] para coordenar a internet. a internet cresceu, tornou-se o verdadeiro ambiente de conectividade [note bem, conectividade e não comunicação] mundial e isso atrai todo tipo de aproveitador. desde os que tentam legislar sobre restrições a seu uso [o caso paradigmático nacional é o AI5 digital, claro] até os estados, que estão tentando, desde o começo, descobrir fórmulas para aumentar a arrecadação com esta "nova" forma de "comunicação". falando nisso, o brasil é um dos países que mais arrecada impostos sobre comunicação no planeta. os governos têm um discurso de universalização que, visto de longe, parece crível. mas, de perto, as contas telefônicas têm pelo menos 30,15% de impostos, elevando o brasil a um honroso terceiro lugar mundial em carga tributária de telecom, atrás apenas de turquia e uganda [ou, de acordo com esta fonte, segundo do mundo, atrás apenas de bangladesh; seja como for, não estamos em boa companhia]. o provimento de acesso à internet não está isento de impostos e também está sob a uma das maiores cargas tributárias do planeta, chegando a 40% [contra 5% no japão e 27% na argentina]. rogério santanna, que saiu do governo não faz muito tempo, alerta, discutindo a tentativa do ministério das comunicações de revisar a norma 4 e redefinir internet como telecom: "Há uma ganância dos estados com esse negócio novo que é Internet. Esse é o grande pano de fundo das discussões [sobre a norma 4] e precisamos ficar atentos. Concordo que Internet não é telecomunicações". se o ex-presidente da telebrás estiver certo, internet vai acabar como cigarro, pois já parece que os fumantes tragam quase só impostos. capaz de fazer mal maior que fumo… mas o que está por trás da tentativa de reescrever a norma 4/95 pode ser bem mais do que impostos. lá no começo da internet comercial, ao determinar que a articulação e coordenação da internet deveria ser plural e independente do executivo, decidimos por uma política e estratégia multifacetada, a partir de uma representação social ampla, diversa, perto do governo, com representação dele, mas independente. à época, talvez o governo não tenha percebido o que a internet estava para ser, acabando no que é hoje e será, ainda mais, daqui para a frente. agora, o governo parece entender que "internet é importante demais para ficar nas mãos da sociedade" e que "tá bom, chega de brincar de comitê gestor e quetais…", chegou a hora "desta coisa de internet virar poder, e poder puramente público, do executivo". é bom deixar claro que, não fosse pelo modelo definido pela norma 4/95 e levado a cabo pelo CGI.br, às vezes contra muitos e escusos interesses, talvez a internet.BR tivesse levado muito mais tempo para ser o que é hoje. ou, pior, tivesse ficado desde o começo nas mãos das teles que, mesmo depois das privatizações, não sabiam nem se o bicho cantando era um galo, quanto mais o que e onde ele cantava. teríamos perdido muito, todos, por muito tempo. há quem diga que o nó da questão é que a reforma do setor ficou pela metade [ou aí pelos 90%...], porque o esforço de redesenho institucional parou logo antes da extinção do ministério das comunicações. pois bem… é de lá, agora, que parte a proposta de reescrever a norma 4/95 e declarar que internet é telecom. não, não é. nem técnica, nem teórica, tapouco prática ou filosoficamente. internet funciona sobre a infraestrutura de telecom, mas não é telecom. em nenhum lugar. não fosse o respeito pelas instituições em questão, não seria difícil dizer que, da forma em que está posta e interpretada, tentar redefinir internet como telecom, jogando fora o espírito da norma 4/95, é um golpe. um aberto e profundo golpe nas bases em que a rede está estabelecida no país há década e meia. a norma é antiga e tem que ser revisada para representar os avanços dos últimos 15 anos? é claro que sim. permanentemente. mas não a ponto de voltar ao passado e, por razões que devem explicações à lógica e ao bom senso, redefinir a internet como sendo, simplesmente, telecomunicações. seja como for, estamos frente a frente com uma daquelas horas da verdade, onde as instituições e pessoas têm que decidir seus lados no embate e lutar pelo futuro em que acreditam e querem construir. este blog é pela definição original, de que internet NÃO é telecom. e acredita piamente que o governo NÃO pode e nem deve –sozinho ou em um espaço sob seu comando e controle- ser o regulador da internet. devemos a internet que temos à pluralidade que criamos lá atrás. defendê-la, agora, é prioridade número um para que tenhamos, no futuro, a internet que queremos ter. aí é onde entra o I fórum da internet no brasil. clique na imagem abaixo pra ver o que vai rolar e como você e sua galera podem participar. a tentativa de reescrita da norma 4 vai ser apenas um dos muitos desafios que serão discutidos no fórum. e a esperança é construir um amplo conjunto de entendimentos que nos permita preservar e fortalecer uma internet livre, diversa e plural no brasil. |
Manifesto Abranet
![]() (Publicado em 05/08/2011 nos jornais Folha de São Paulo, Valor Econômico e O Globo) As regras da Internet não devem mudar A Abranet – Associação Brasileira de Internet - vem a público manifestar sua surpresa e indignação com a informação divulgada pela imprensa de que o Governo, através do Ministério das Comunicações, encaminhou à Anatel documento solicitando avaliação de mudanças substanciais nas regras que regem a Internet brasileira. Tais mudanças, que na prática extinguem a Norma 4 de 1995, afetarão de maneira contundente o mercado de Internet, pois eliminará a possibilidade dos provedores de serviços/conteúdos na Internet de reivindicarem das operadoras de telecomunicações tratamento isonômico em relação aos provedores das próprias empresas de telecomunicações. O atual regulamento foi e é fundamental para manter o crescimento da Internet, por permitir competitividade, menores preços, variedade e qualidade no provimento de conteúdo nacional e, conseqüentemente, é vital para a sua sobrevivência. Além disso, a mudança proposta sugere o aumento substancial de impostos, tratando a Internet como serviço de telecomunicações e, portanto, sujeita à incidência de ICMS. A Abranet, que sempre esteve e estará à disposição dos órgãos do Governo e da sociedade para debater de forma aberta, transparente e democrática, repudia qualquer tipo de atitude que despreze o bom senso e deixe de ouvir todos os interlocutores importantes do setor. Assim, a Abranet confia que o debate, essencial numa sociedade democrática, ainda seja realizado e, por legitimamente representar o setor, entende que pode dar contribuições fundamentais aos interesses dos milhões de usuários de Internet no Brasil. ABRANET – Associação Brasileira de Internet |
Classe média digital
|
Abranet contesta revisão de Norma 4 sobre provedores
Sex, 05 de Agosto de 2011 19:12 por Georgia Jordan Para a associação, a regra impede que operadoras usem seu poder de mercado para quebrar concorrência A Associação Brasileira de Internet (Abranet) publicou comunicado nesta sexta-feira (5) contestando a possível revisão da norma 04/95, que proíbe as operadoras de serviços públicos de telecomunicações de ser provedoras de acesso à internet. Na semana passada, o Ministério das Comunicações encaminhou um pedido para que a Anatel estude uma nova regra para substituir a Norma 4, que foi criticada durante a CPI da Pedofilia no Senado. Segundo o relatório da CPI, os provedores de internet teriam problemas em guardar números de identificação de clientes, o que dificulta a ação policial contra a pornografia infantil. |
Anatel designa integrantes do Comitê de Defesa dos Usuários
Qui, 21 de Julho de 2011 19:05 Mandato dos novos indicados terá dois anos de duração O Conselho Diretor da Anatel designou, nesta quinta-feira (21), os novos integrantes do Comitê de Defesa dos Usuários de Telecomunicações (Cdust). A escolha foi feita a partir da indicação das entidades de classe e prestadoras de serviços do setor. |
Banda (quase) larga
Por Renata
Leal, de INFO Segunda-feira, 18 de julho de 2011 - 09h54 São Paulo - Encravada entre montanhas e cortada pelo rio Pardo, a cidade de Caconde, distante 290 quilômetros da capital paulista, na divisa com minas Gerais, tem quase 20 mil habitantes e vocação para esportes radicais e de aventura, o que atrai muitos turistas.
Com esse perfil, ter um bom serviço de banda larga parece indispensável. Mas
não é o que acontece. Na prefeitura da cidade, a conexão discada alcança 52
kbps*, uma velocidade de tartaruga. Se num momento de ócio um funcionário
público de Caconde resolvesse baixar um filme pela internet, ele levaria 7 dias,
23 horas, 27 minutos e 10 segundos para aterrissar num dos micros da
prefeitura.
Em Macapá, capital do Amapá, cidade com cerca de 400 mil habitantes, falar pelo Skype, assistir a um vídeo do YouTube ou fazer uma transação pelo internet banking são atividades nada corriqueiras para a maioria da população. Veja o caso do empresário Rafael Lamarão, 27 anos. Ele paga 200 reais ao mês para ter internet com velocidade de 256 kbps, que chega por rádio. "Meu sonho é que a fibra venha logo", diz Lamarão.
Veja a tabela completa das velocidades nas dez cidades
mais populosas do Brasil Saiba quais são as empresas campeãs de reclamações em
banda larga Mapa mostra a velocidade de download e upload nas principais cidades do país
No país dos contrastes, a conexão de banda larga não é exceção. Os moradores dos bairros populosos das grandes capitais não têm muito do que reclamar de sua conexão à internet. Já aqueles de cidades do interior e de regiões mais distantes, como Macapá, não podem dizer o mesmo. Eles são atendidos, na maioria das vezes, por provedor único que cobra caro e oferece um serviço ruim.
Para avaliar a qualidade da banda larga no Brasil, INFO analisou a conexão de 5 892 leitores, que nos últimos seis meses mediram a velocidade do acesso que usam principalmente em casa. Foram 11 208 medições válidas, em 828 cidades de norte a sul do país. Trata-se do maior teste de banda larga já feito pela revista. Em 17 dos 27 estados avaliados, a velocidade de download ficou abaixo da média nacional registrada, que chegou a 4,470 Mbps. Já a velocidade média de upload não ultrapassou 637,7 kbps.
*A prefeitura municipal da Estância Climática de Caconde (SP) esclarece que tem um link dedicado com velocidade de download de 7 Mbps. Desses, 4 Mbps são destinados à população pelo programa de acesso gratuito Cidade Digital. A conexão é distribuída por rádio e a velocidade final fica na faixa de 64 kbps – exatamente o valor testado pelo participante que avaliou sua conexão com o medidor de velocidade do site da INFO.
Isso significa que para a maioria dos brasileiros a velocidade média de download é suficiente para navegar de forma satisfatória. Mas para o upload, a situação é bem diferente. Uma família que queira, por exemplo, transmitir ao vivo o aniversário do filho precisaria, no mínimo, de 1 Mbps, ou quase o dobro da média registrada nos nossos testes. O site de streaming Ustream recomenda 1,5 Mbps para uma qualidade de vídeo apenas satisfatória. As análises mostram que a velocidade de upload é apenas 14% do registrado para downloads.
O teste da INFO foi realizado com um medidor que os leitores rodaram em seus computadores, que afere a velocidade e a qualidade da conexão. Fruto de uma parceria com o NIC.br/Ceptro.br, órgão responsável por analisar a internet no país, o medidor é uma aplicação em Java que utiliza a rede PTT (entroncamento de rede que liga os provedores para a troca de tráfego) para fazer as medições de velocidade com os principais protocolos de comunicação utilizados na rede. Problemas como atrasos e falhas também foram avaliados.
Para chegar às médias, INFO considerou as cidades onde foram feitas ao menos oito medições. O Ceptro.br usa esse medidor há um ano e meio e vem observando evolução nas conexões no país. "De dezembro em diante, houve um aumento significativo na velocidade de download", afirma Fabrício Tamusiunas, supervisor de projetos do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Esse aumento é ref lexo da maior oferta de serviços, principalmente nas capitais.
Um leitor de São Paulo, que assina o pacote de 100 Mbps do provedor Ajato, da TVA, conseguiu o recorde de velocidade de download no teste: 63,073 Mbps. Apesar de não ser a velocidade nominal e considerando as perdas naturais dos protocolos de comunicação, trata-se de uma excelente marca. Esse leitor poderia, por exemplo, baixar um filme de 120 minutos em alta definição (720p) em 9 minutos e 2 segundos. Um contraste e tanto com a marca obtida na prefeitura de Caconde, a lanterna do teste.
Os melhores serviços
Entre as operadoras de banda larga, o destaque vai para a GVT, que vem expandindo seu serviço com agressividade tanto em preço quanto em velocidade e obteve nota 6,7 do INFOlab, a maior do teste. Presentes em 94 cidades de 18 estados, os planos Power da GVT começam em 5 Mbps de download nominal e preço de 49,90 reais. Mas não é apenas a internet que é veloz na GVT. Os processos de inovação também. Para lançar a conexão de 100 Mbps, a primeira que chegou ao mercado, foram necessários apenas 15 dias, da concepção ao treinamento dos vendedores. Nada mau para um mercado em que a disputa é cada vez mais acirrada.
Nas cidades onde a GVT entrou, os preços caíram e a qualidade dos concorrentes melhorou. Na base de clientes da empresa, a velocidade contratada mais comum é a de 10 Mbps (69,90 reais), mas deve subir para 15 Mbps (79,90 reais) até o final do ano. Entre as grandes operadoras, a GVT é a menor em número de assinantes, com 1,1 milhão de clientes. Na segunda posição do ranking aparecem empatadas a NET, com o Vírtua, e a Telefônica, com o Speedy. A operadora Oi, a maior do país em número de clientes, ocupa o terceiro lugar. Embratel, Ajato e CTBC Algar Telecom não obtiveram número suficiente de medições para constar no ranking nacional.
Com o aumento da oferta de velocidades de conexão no Brasil e no mundo, o conceito de banda larga vem mudando e já se fala, por exemplo, em superbanda larga, quando a conexão é superior a 10 Mbps. Entre os leitores que participaram do teste da INFO, as velocidades contratadas mais comuns são de 1 Mbps, 2 Mbps e 10 Mbps. Elas refletem o cenário brasileiro, embora a faixa de 2 Mbps esteja desaparecendo do serviço das operadoras. Aqui, um parêntese. (Esteja sempre atento. Caso seu plano seja extinto pela operadora, renegocie preço e velocidade para não pagar mais caro por um serviço que não é mais ofertado a novos entrantes.)
No país, 48% das conexões variam entre 512 kbps e 2 Mbps e apenas 5,5% dos usuários residenciais contratam velocidades superiores a 8 Mbps. Na outra ponta, 7% ainda usam conexão discada. É o caso da estudante Thais Mota de Andrade, 19 anos, que mora na zona leste de São Paulo. "Se acesso vídeos, trava tudo", diz Thais. Para navegar nas redes sociais, checar e-mails e fazer buscas, ela não tem muitos problemas, mas precisa exercitar a paciência enquanto as páginas carregam. A família de Thais assinou o Speedy, da Telefônica, mas acabou desistindo do serviço porque a qualidade era muito ruim na região. Hoje, eles fazem parte dos 500 mil clientes da Telefônica que ainda usam conexão discada no estado de São Paulo.
Números do Ibope Nielsen Online do último trimestre de 2010 apontam que 73,9 milhões de pessoas acessam a internet no Brasil, seja em casa, no trabalho ou em locais públicos. Isso representa um crescimento de quase 10% em um ano, embora o alcance da internet ainda seja inferior a 40% da população brasileira. A boa notícia é que o acesso domiciliar cresceu 24% entre 2009 e 2010, chegando à casa de 52,8 milhões de pessoas. Além de usar a internet em casa, cada vez mais consumidores optam pelos smartphones. Tanto que os acessos móveis ultrapassaram os fixos no ano passado. São atualmente 24,4 milhões de acessos por celular e modems 3G, contra 14,5 milhões pelo ponto fixo.
Para a nova classe média
A banda larga móvel dá saltos anuais. No ano passado, cresceu 138% e a estimativa é de chegar ao fim deste ano com 32 milhões de conexões. Entre móvel e fixa, quase 41 milhões de pessoas têm banda larga no país. "Há um boom. As pessoas querem comprar telefones e computadores. Mas na banda larga muitas vezes não há oferta ou quando existe, não há qualidade", diz Vinicius Caetano, analista sênior da consultoria Pyramid Research.
Esse boom acompanha o crescimento da classe média brasileira. "A banda larga está crescendo nas classes C, D e E. Os gastos com os serviços de telecom já representam 2,6% do orçamento", diz Nelson Wortsman, diretor de infraestrutura e convergência digital da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia de Informação e Comunicação).
Um dos maiores problemas para a expansão do acesso à internet no Brasil é estrutural. "É muito difícil construir uma nova infraestrutura de banda larga. E remendar a atual não adianta", afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. Para Tude, essa construção só será feita com esforços das operadoras e do governo, com o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Há casos em que a expansão da rede esbarra na complexidade de instalar fibra nas grandes cidades. É o que acontece hoje, por exemplo, com a GVT em São Paulo. Para chegar a uma cobertura mínima de 30%, e assim viabilizar a operação na cidade, a GVT tem esbarrado na necessidade de uma grande quantidade de licenças municipais para instalar seus cabos de fibra óptica. "Cada obra tem uma licença específica. Às vezes é ambiental, em outras é de patrimônio histórico ou simplesmente de permissão de horário para o trabalho numa via", afirma Alcides Troller, vice-presidente de marketing e vendas da GVT.
Em lugares mais distantes dos grandes centros, como Macapá, onde mora o empresário Rafael Lamarão, o custo é mais alto. Lá, a Oi oferece duas opções do serviço Velox. A conexão de 256 kbps tem preço de 220 reais mensais e a de 512 kbps custa 430 reais. Provedores menores no interior de outros estados, como em Balsas (MA), chegam a cobrar 460 reais pela velocidade de 512 kbps. "O preço da banda larga no Brasil ainda destoa muito do de outros países e impede que muitos comprem o serviço", diz Caetano, da Pyramid Research.
O que fazer para mudar esse cenário? Na opinião do especialista José Roberto Mavignier, da consultoria Frost & Sullivan, é preciso aumentar a competição e reduzir o impacto da carga tributária. Nas grandes cidades, sobretudo nas mais populosas, a presença de pelo menos duas prestadoras de serviço tem elevado a qualidade e diminuído o preço. O problema está no interior do Brasil. Os altos custos de implantação e o baixo retorno afastam as operadoras.
É esse espaço que o PNBL deve ocupar. Lançado no ano passado, o plano deveria contribuir para a massificação da banda larga no país. A Telebrás, estatal dedicada à área, deveria operar como mais um concorrente. Mas, na prática, nada se viu ainda para cobrir os buracos na infraestrutura. A presidente Dilma Rousseff fala em velocidade de pelo menos 1 Mbps para todos os municípios do país, mas técnicos do Ministério das Comunicações afirmam que isso é inviável. “É muito difícil tomar o Brasil todo por apenas uma referência. Nos grandes centros urbanos, é possível contratar o serviço de 1 Mbps mais barato. Quando vamos para o interior fica complicado”, afirma Eduardo Neger, presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet). Estados como São Paulo e Paraná desoneraram o serviço ao criar a chamada banda larga popular. Com isso, o preço para 1 Mbps caiu para 29,80 reais. "Oferecemos esse preço nos dois estados e faremos o mesmo em todos os que diminuírem a carga tributária", afirma Rodrigo Marques, vice-presidente de estratégia e gestão operacional da NET.
Com a expansão da banda larga, aumentam também as reclamações nas entidades de defesa dos direitos do consumidor. “O serviço deveria ser prestado em regime público, mas é privado", afirma Veridiana Alimonti, advogada do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). “Com isso, pode haver uma massificação, mas não a universalização." A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) recebe uma média de 18 mil reclamações mensais. As principais são sobre reparos no serviço.
Benefícios indiretos
Um país com maior inclusão digital tem sua economia aquecida e pode aumentar o nível de educação de seus cidadãos. Dados do Banco Mundial indicam que 10% de aumento nas conexões de banda larga podem elevar o Produto Interno Bruto em até 1,4%, especialmente em nações em desenvolvimento como o Brasil. "A banda larga é um ponto estratégico para o desenvolvimento, a educação e o trabalho", diz Nelson Wortsman, da Brasscom. A relação entre o PIB per capita e a porcentagem de pessoas com acesso à internet é direta. Quanto mais rica uma nação, mais gente navega. No Brasil, o grande desafio agora é trazer o interior para o patamar das grandes capitais. Só assim o brasileiro poderá dizer quetem uma banda larga de qualidade. http://info.abril.com.br/noticias/internet/banda-quase-larga-18072011-4.shl |